CAPÍTULO 1
o início de tudo
COIMBRA, 2012
CAPÍTULO 1
o início de tudo
COIMBRA, 2012
Em 2012, tomei uma decisão que mudaria o rumo da minha vida. Eu fui a primeira da minha família a ingressar na faculdade, e a primeira também a morar fora do país. O curso superior nunca foi uma realidade na minha família, então, para mim, aquela oportunidade representava muito mais do que uma simples mudança de cidade ou país. Eu queria ser um exemplo para a minha família, que havia enfrentado tantos desafios, principalmente durante a infância. Meu objetivo sempre foi ser uma fonte de orgulho para eles, mostrando que é possível conquistar grandes coisas, mesmo quando a vida nos impõe dificuldades.
A decisão de ir para Portugal, no programa Ciência sem Fronteiras, foi a realização de um sonho, mas também uma forma de abrir caminho para outras pessoas da minha família. Além disso, sempre quis estudar e me formar para, finalmente, poder olhar para mim mesma e afirmar com propriedade: "Eu sou artista". Desde pequena, as pessoas me diziam: “Ela é artista”. Mas eu não queria ser reconhecida apenas por essa expressão. Eu queria a formação, o conhecimento, para ter a confiança de dizer que era uma artista de fato.
Durante o período em que estudei em Coimbra, Portugal, fui imersa em diversas disciplinas que ampliaram meu horizonte. A fotografia foi uma delas, mas foi na disciplina de antropologia visual que encontrei algo que ressoou profundamente em mim. Antropologia me permitiu entender, para além do senso comum, os porquês da vida, das culturas e das expressões humanas. Esse estudo me levou à descoberta da pintura corporal, uma arte que, para mim, combinava perfeitamente com a ideia de autorretrato que eu estava desenvolvendo para um trabalho acadêmico.
Naquele período, eu enfrentava o desafio de criar um autorretrato fotográfico. Já havia estudado a teoria, os grandes mestres da fotografia e da arte, e sabia o que queria, mas algo não se encaixava. Experimentei luz, sombra e diferentes composições, mas nada trazia o resultado que eu esperava. Eu estava pintando muito naquele momento, e quando minha amiga de apartamento viajou, encontrei em minha solidão o espaço perfeito para dar vazão às minhas ideias.
Foi então que me vi diante de um espelho, com o corpo pintado, e percebi que algo mágico estava acontecendo. As expressões que eu via nas fotos, o modo como a pintura se combinava com a fotografia, estavam falando por mim de uma forma que eu nunca havia experimentado antes. A imagem capturada era mais do que uma fotografia. Ela carregava uma mensagem poderosa e silenciosa, sem palavras, sem defesas. Era uma imagem de quem está sendo olhado pela primeira vez por um colonizador. Essa era a mensagem que eu queria passar aos alunos portugueses, sem precisar explicar nada.
Essa experiência foi transformadora. Eu, que sempre trabalhei com publicidade, onde sintetizo linguagens visuais e campanhas, descobri ali uma nova maneira de expressar minhas emoções e ideias sem recorrer às palavras. A fotografia, combinada com a pintura corporal, me deu uma nova forma de se comunicar com o mundo e me deu a liberdade de falar o que quisesse, sem precisar fazer nenhuma defesa. Eu sabia o que estava dizendo, e a arte falava por mim.
Ao longo dos anos, esse processo se tornou uma autoterapia. A cada nova pintura, a cada nova foto, eu me entendia um pouco mais, me conhecia mais profundamente. E foi só em 2016 que tomei a decisão de oferecer esse trabalho ao mundo, abrindo um serviço de pintura corporal e fotografia. A partir desse momento, o que era antes uma experiência pessoal passou a ser uma forma de proporcionar à sociedade aquilo que eu queria ver: arte genuína, bem pensada e analisada, com um olhar crítico e um toque de originalidade.
Hoje, o trabalho que produzo é uma reflexão de tudo o que eu vivi e aprendi, não só nas minhas disciplinas acadêmicas, mas também nas minhas experiências de vida. Como alguém formado em arte, eu consigo perceber a importância de cada detalhe, de cada escolha visual, e aplico esse conhecimento em tudo o que faço. O que coloco no mundo é sempre algo bem pensado, bem executado, e acredito que isso é o que me guia até hoje. Continuo me dedicando a essa arte com a mesma paixão e foco de quando comecei, buscando sempre evoluir e proporcionar uma experiência única tanto para mim quanto para as pessoas que se entregam ao meu processo criativo.
O que começou como um projeto pessoal de autoconhecimento e expressão se transformou em uma jornada artística que agora compartilho com o mundo. E, ao olhar para o que criei, posso dizer com orgulho que meu trabalho é uma parte de mim, uma extensão do que sou e do que acredito. Uma jornada que, como a minha história de vida, é feita de desafios, descobertas e muito amor pela arte.
Esse capítulo em Coimbra, em 2012, foi apenas o início de uma jornada incrível. Hoje, em 2025, ao olhar para trás, vejo que já se passaram mais de dez anos de produção artística, repletos de histórias, aprendizagens e transformações. O " o Ser de LuAna" reflete tudo o que vivi e continuo a viver, e tenho muito mais para partilhar. A jornada é longa, mas cada passo é uma nova descoberta. Fiquem atentos, pois há muito mais por vir!
CHAPTER 1
the beginning of everything
COIMBRA, 2012
In 2012, I made a decision that would change the course of my life. I was the first in my family to go to university, and also the first to live abroad. Higher education had never been a reality in my family, so for me, this opportunity represented much more than a simple change of city or country. I wanted to be an example to my family, who had faced so many challenges, especially during my childhood. My goal was always to be a source of pride for them, showing them that it is possible to achieve great things, even when life is difficult.
The decision to go to Portugal on the Science without Borders program was the realization of a dream, but also a way of paving the way for other people in my family. In addition, I always wanted to study and graduate so that I could finally look at myself and say: “I am an artist”. Ever since I was little, people would tell me: “She's an artist”. But I didn't just want to be recognized for that expression. I wanted the training, the knowledge, to have the confidence to say that I really was an artist.
During my time studying in Coimbra, Portugal, I was immersed in various disciplines that broadened my horizons. Photography was one of them, but it was in the discipline of visual anthropology that I found something that resonated deeply with me. Anthropology allowed me to understand, beyond common sense, the whys of life, cultures and human expressions. This study led me to the discovery of body painting, an art that, for me, perfectly matched the idea of a self-portrait I was developing for an academic paper.
At that time, I was facing the challenge of creating a photographic self-portrait. I had already studied the theory, the great masters of photography and art, and I knew what I wanted, but something didn't fit. I experimented with light, shadow and different compositions, but nothing brought the result I was hoping for. I was painting a lot at the time, and when my flatmate went away, I found the perfect space in my solitude to give vent to my ideas.
It was then that I saw myself in front of a mirror, with my body painted, and I realized that something magical was happening. The expressions I saw in the photos, the way the painting combined with the photograph, were speaking to me in a way I had never experienced before. The image captured was more than a photograph. It carried a powerful and silent message, without words, without defenses. It was an image of someone being looked at for the first time by a colonizer. That was the message I wanted to convey to the Portuguese students, without having to explain anything.
This experience was transformative. Having always worked in advertising, where I synthesize visual languages and campaigns, I discovered a new way of expressing my emotions and ideas without resorting to words. Photography, combined with body painting, gave me a new way of communicating with the world and gave me the freedom to say whatever I wanted, without having to defend myself. I knew what I was saying, and the art spoke for me.
Over the years, this process became self-therapy. With each new painting, each new photo, I understood myself a little more, got to know myself more deeply. And it wasn't until 2016 that I made the decision to offer this work to the world, opening a body painting and photography service. From that moment on, what had previously been a personal experience became a way of providing society with what I wanted to see: genuine art, well thought out and analyzed, with a critical eye and a touch of originality.
Today, the work I produce is a reflection of everything I have experienced and learned, not only in my academic subjects, but also in my life experiences. As someone trained in art, I can see the importance of every detail, every visual choice, and I apply this knowledge to everything I do. What I put out into the world is always well thought out, well executed, and I believe that this is what guides me to this day. I continue to dedicate myself to this art with the same passion and focus as when I started, always seeking to evolve and provide a unique experience for both myself and the people who indulge in my creative process.
What began as a personal project of self-knowledge and expression has turned into an artistic journey that I now share with the world. And looking at what I've created, I can proudly say that my work is a part of me, an extension of who I am and what I believe in. A journey that, like my life story, is made up of challenges, discoveries and a great love of art.
That chapter in Coimbra in 2012 was just the beginning of an incredible journey. Today, in 2025, as I look back, I see that more than ten years of artistic production have passed, full of stories, learning and transformations. LuAna's Being" reflects everything I have experienced and continue to experience, and I have much more to share. The journey is long, but each step is a new discovery. Stay tuned, there's much more to come!